A Filipa Leal
Parece que os jovens poetas do meu país
Evitam as palavras Amor e Mar
Mas que se agarram muito à palavra caralho.
Será pelo cansaço do contínuo fracasso
De um país à beira-mar plantado?
E pelos cansaços do Amor
Qualquer amor
Subido proibido platónico tónico
Tranquilo só a pensar «naquilo»
Flamejante chamuscante
Substantivo adjectivo?
Suponho então que a palavra mais obscena
Para os poetas que agora entram em cena
Seja a odiosa amálgama de Amor e Mar
A obsoleta treta da palavra Amar
Imagino como se sentem espancados
Pela poeta do amar, amar perdidamente.
Que sigam suas verdades
Que emprenhem a página e as mentes
A caralhar e a encaralhar
Que fujam do Amor e do Mar
Conforme as possibilidades.
Eu vou com as aves
Para as profundezas do Amor
Sobre as belezas do Mar
E também caralho
Quando a poesia e a vida encalham
Contra os escolhos
Das liberdades.
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