A mãe pariu-o com tanta alegria, que nem precisou de ajuda. O menino, assim que viu a luz baça
do mundo, escreveu trinta e tantos poemas a
fio, com a luz branda e um pouco fria do sorriso dos anjos. Mesmo sem a perturbação dos elementos da natureza, fatalmente presentes em casos símiles, o prodígio do poeta sorridente ao recém-nascer levou a puérpera a considerar-se progenitora duma deidade libertadora das infelicidades
humanas: a tristeza, a dor de pensar, a angústia da morte.
Viveu mais inconjunto do que morreu. Deu-lhe o sono como a qualquer
criança, fechou os olhos e dormiu.
Deixou obra, discípulos, apóstolos que espalharam a boa-nova pelos quatro cantos do mundo. Os poucos que seguem a lição da natureza, assumindo a ficção da sua simplicidade, são olhados com desconfiança pela maioria, represada pelo
desassossego. Mas a sua poesia continua a reverberar uma música suave que abre sorrisos delicados. Talvez tenha sido mais maestro do que Mestre.
II. Segundo o próprio
«Se, depois de eu morrer,
quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas — a da minha
nascença e a da minha morte.»
(16 de Abril de 1889 – Junho de
1915)
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