sexta-feira, 26 de abril de 2013

Azibo

Lá, vi ossadas de árvores semi-submersas, cornos vegetais que furam a água céu acima, a evocarem manadas de cervos em épica travessia subaquática. Vi enseadas a rasgarem a paisagem em ziguezagues inesperados, cães assustados a matarem a sede na albufeira e o seu murmúrio de matilha mansa evocou-me fugidios javalis. Vi pinheiros que fatiam o azul da água em códigos de barras, sobreiros de perfis halterofílicos, mergulhões a levantarem o seu voo pesado. Vi as luzes do crepúsculo roçarem sobre as águas mantos de cores cambiantes.
Não vi, mas ouvi falar dos lúcios que depois de devorarem todas as outras espécies piscícolas, se canibalizam, e os restantes, senhores únicos das águas, se tornam gigantes temíveis para os banhistas.
Saboreei deliciosas iguarias regionais: queijo apurado, doce de abóbora, presunto, peixes do rio.
Senti o perfume suave da vegetação rasteira florida, fui velada pelas silhuetas das árvores na colina contra a luz, únicas sentinelas do anoitecer.
Estas são surpresas de uma natureza sumptuosa, aqui tão perto. No Azibo.